quinta-feira, 13 de junho de 2013

Homilia do Sr. D. Jorge Ortiga na celebração dos 499 anos da fundação da Diocese do Funchal



A BARCA DA FÉ


1. Experiência Humana
Conta-se que era uma vez uma nota musical que disse: “Não é uma nota que faz a música”, e, por consequência, já não houve música. Depois uma palavra disse: “Não é uma palavra que faz um livro”, e aconteceu que já não houve livro. Em seguida, uma pedra disse: “Não é uma pedra que faz uma casa”, e aconteceu que já não houve casa. Depois, uma gota de água disse: “Não é uma simples gota de água que faz um rio”, e aconteceu que o rio secou. Olhando para isto, o homem aproveitou e disse também: “Oh, não é um gesto de amor que poderá salvar a humanidade.” E o que é que aconteceu? Começou a surgir à sua volta um ambiente de injustiça, violência e egoísmo.

2. Liturgia da Palavra
 Posto isto, Jesus no evangelho de hoje apresenta-nos as condições necessárias para a prática de simples gestos alternativos, que podem marcar a diferença.  Mais do que uma aula de engenharia civil, Jesus serve-se de uma imagem do quotidiano para explicar aos seus discípulos as bases da casa da nossa fé.
 Por isso, com realismo e honestidade, não queiramos correr o risco do homem insensato, que construiu a casa sobre a areia. Jesus apresenta-nos o melhor seguro contra todos os riscos: a obediência à Palavra. Um seguro que resiste às chuvas dos preconceitos e do legalismo, às torrentes do conformismo e da corrupção, e aos ventos da mediocridade e do egoísmo.

3. Reflexão teológica
E Tal como afirma o documento Verbum Domini nos n.º 90-120, é desta obediência à Palavra de Deus que deriva: toda a missão da Igreja, o anúncio do Reino de Deus, a nova-evangelização, o testemunho cristão, a promoção da justiça, a defesa dos direitos humanos, a paz entre os povos, a caridade activa, as implicações vocacionais, a compreensão do sofrimento, a pobreza a escolher ou a combater, a defesa da natureza (ecologia), o reconhecimento do valor e importância da cultura, o uso correto dos meios de comunicação, o valor do diálogo inter-religioso e a necessidade vital da liberdade religiosa.
 Deste modo, o Papa Bento XVI institui este Ano da Fé, não só para celebrar o jubileu do Concílio Vaticano II, mas também para redescobrirmos os alicerces da casa da nossa fé, fazendo com que esta produza frutos. Aliás, gostaria de recordar as palavras da sua homilia no Terreiro do Paço, em Lisboa, aquando da sua visita a Portugal, em 2010: “Glorioso é o lugar conquistado por Portugal entre as nações pelo serviço prestado à dilatação da fé: nas cinco partes do mundo, há Igrejas locais que tiveram origem na missionação portuguesa.”

4. Aniversário da Diocese do Funchal
Sem dúvida que o arquipélago da Madeira veio a tornar-se uma plataforma estratégica da expansão ibérica entre o mundo conhecido e o mundo ainda desconhecido, e a Diocese do Funchal, por inerência, tornou-se também numa ponte estratégica de evangelização entre a Europa cristã e as religiões/religiosidades do resto do mundo.
Celebrar os 499 anos da fundação desta diocese, que fora a maior do mundo na época, é fazer memória dos milhares de missionários que por aqui passaram e desejar esse glorioso ardor missionário, de modo a comunicar Jesus Cristo aos milhares de turistas que por aqui passam e edificar “comunidades cristãs, vivas e apostólicas”, como determina o programa do vosso triénio pastoral. Sabemos como é importante a missão na vida da Igreja e como o mundo espera de nós, cristãos, um contributo diferente para a edificação da sociedade.
 A propósito, é interessante notar como o programa Erasmus das universidades europeias tem transportado inúmeros alunos pela Europa, e, a título de exemplo, como as ideias destes alunos ocidentais acabaram por derrubar recentemente a islamização política da Turquia. Do mesmo modo, podem crer que com a fé acontece o mesmo: além de mover montanhas, ela também é capaz de decifrar a prece que o nosso silêncio esconde, de nos segurar com o fio da esperança e de transformar silenciosamente a vinha do mundo.
 Muitas vezes somos questionados sobre o que a Igreja deve ou pode fazer para mudar a sociedade. Há muitos planos estratégicos, mas sem o contributo de cada um, que por vezes até pode parecer insignificante, isso nunca acontecerá! Daí que me atreva a pedir-vos uma redescoberta da verdadeira identidade cristã, a nível pessoal e comunitário. Não são precisos grandiosos projectos para mudar a sociedade, basta que a vida de cada um e das comunidades se transformem em fidelidade ao Espírito! E a aposta inicial é o caminho da caridade activa, como nos sugere o Papa Francisco.
Para terminar, diz-nos o poeta Fernando Pessoa que “todo e qualquer gesto é um ato revolucionário”. Portanto, e ao contrário da história inicial, não nos esqueçamos que há pequenos gestos de amor que podem criar um ambiente sadio à nossa volta, que podem dar testemunho da nossa fé, e mais do que isso: que podem restituir à ilha da Madeira a ousadia missionária que já teve no passado, não permitindo que a barca da fé fique estacionada no porto marítimo!

+ Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz

Funchal, 12 de Junho de 2013.




segunda-feira, 10 de junho de 2013

FALECEU O PADRE JOSÉ PATROCINIO RODRIGUES ALVES

O Padre JOSÉ PATROCÍNIO RODRIGUES ALVES, sacerdote diocesano da Diocese do Funchal, faleceu hoje, dia 09 de Junho, no Hospital Dr. Nélio Mendonça. Tinha 68 anos de idade, e era natural da freguesia e concelho de Santa Cruz. Nasceu no dia 11 de Maio de 1945, era filho de José Alves e de Maria da Graça.

Foi ordenado Sacerdote, no dia 04 de Junho de 1972.

Dentro dos serviços eclesiásticos que desempenhou, na Diocese do Funchal, destacamos os seguintes:

- Coadjutor da Paróquia de Machico, a 27 de Setembro de 1971.
- Coadjutor das Paróquias de Ponta Delgada e Arco de S. Jorge, a 13 de Outubro de 1973.

- Pároco das Paróquias de São João e São Paulo, a 8 de Outubro de 1974
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- Pároco da Paróquia do Curral das Freiras, a 07 de Outubro de 1983.

- Administrador Paroquial das Paróquias do Porto da Cruz e São Roque do Faial, a 30 de Setembro de 1989.

- Pároco da Paróquia de Santo António da Serra, a 01 de Junho de 1990.

A sua vida dedicada ao serviço do Evangelho e também ao Ensino deixou um testemunho de pastor e de fidelidade à Igreja. Que o Senhor o receba na Sua Paz!
 O seu funeral será dia 10 de Junho, segunda-feira, Dia do Santo Anjo de Portugal, com missa presidida pelo Senhor Bispo do Funchal, D. António Carrilho, às 15h00 horas, na Igreja Paroquial de Santa Cruz, seguida de funeral para o Cemitério de Santa Cruz.

Secretaria Episcopal
09 de Junho 2013


Dai-lhe, Senhor, o eterno descanso, entre os esplendores da luz perpétua. Descanse em paz. Ámen.