Logótipo para o Ano da Fé. Que terá início a 11 de Outubro |
Este novo ano pastoral começa com o convite do Santo Padre a
prestarmos atenção àquilo que, na vida cristã, é o essencial: reaprender e
ensinar uma relação real, efectiva, com Deus que se nos revelou em Jesus de
Nazaré. Não se trata de cada um determinar para si aquilo que pensa ser o mais
importante, ou aquelas realidades em que, no seu entender, se encontra mais
frágil na vida cristã. Pelo contrário, trata-se antes de confrontar a vida
cristã de cada um com a realidade objectiva da fé, tal como ela nos é ensinada
e vivida, desde sempre, pela Igreja.
Com efeito, antes de cada um de
nós ter fé já outros acreditavam, já uma comunidade tinha escutado o Evangelho,
o tinha acolhido e vivido. E antes dessa, uma outra – e assim sucessivamente
até à primeira comunidade apostólica. Certamente: cada comunidade vive a fé no
seu tempo e na sua cultura. E isso não apenas a distingue de todas as outras
como constitui um património de todos e que a todos enriquece. Mas aquilo que é
peculiar a cada comunidade e a cada crente não pode nunca fazer esquecer a
realidade comum, que é anterior, que nos une e faz de todos cristãos, membros
de uma mesma Igreja, a Igreja de Cristo, a Igreja dos Apóstolos, a Igreja dos
Santos, a Igreja católica.
A fé é pois, e antes de mais, vida. Mas para a partilharmos e para
vivermos conscientemente essa vida, não podemos, nós seres humanos, deixar de
utilizar as palavras, as frases, as afirmações que, ao longo do tempo foram
sendo encontradas e purificadas, de modo a expressar, cada vez mais
exactamente, a vida com Deus. Aliás, este é o modo habitual que nós, seres
humanos, temos de comunicar uns com os outros, de permitir que outros partilhem
o que vivemos interiormente, e de ensinar aquilo que também nós já antes aprendemos
a viver.
É esta realidade – fruto da vida que Jesus ensinou e deu a partilhar
aos Apóstolos e que estes nos transmitiram – que se encontra resumida no
«Credo», que todos os domingos e solenidades somos convidados a rezar na
liturgia. Durante este ano da fé, o Santo Padre faz-nos o convite a que façamos
dele uma oração diária – mas isso significa, obviamente, que o entendemos, a
ele aderimos de coração e o queremos viver cada vez mais perfeitamente.
Viver o essencial, aderir a ele, ser dele testemunha e ensiná-lo: eis
o desafio deste Ano que temos pela frente. Uma tarefa para cada um, mas
igualmente uma tarefa para as diferentes comunidades espalhadas pelo mundo
inteiro. Uma força de renovação, de união e de partilha para todos os católicos
dos quatro cantos do mundo, uma graça de Deus que importa não desperdiçar.
D. NUNO BRÁS, in Voz da Verdade, jornal Semanal do Patriarcado De Lisboa