sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Às portas do Ano da Fé


Logótipo para o Ano da Fé.
Que terá início a 11 de Outubro
Este novo ano pastoral começa com o convite do Santo Padre a prestarmos atenção àquilo que, na vida cristã, é o essencial: reaprender e ensinar uma relação real, efectiva, com Deus que se nos revelou em Jesus de Nazaré. Não se trata de cada um determinar para si aquilo que pensa ser o mais importante, ou aquelas realidades em que, no seu entender, se encontra mais frágil na vida cristã. Pelo contrário, trata-se antes de confrontar a vida cristã de cada um com a realidade objectiva da fé, tal como ela nos é ensinada e vivida, desde sempre, pela Igreja.
Com efeito, antes de cada um de nós ter fé já outros acreditavam, já uma comunidade tinha escutado o Evangelho, o tinha acolhido e vivido. E antes dessa, uma outra – e assim sucessivamente até à primeira comunidade apostólica. Certamente: cada comunidade vive a fé no seu tempo e na sua cultura. E isso não apenas a distingue de todas as outras como constitui um património de todos e que a todos enriquece. Mas aquilo que é peculiar a cada comunidade e a cada crente não pode nunca fazer esquecer a realidade comum, que é anterior, que nos une e faz de todos cristãos, membros de uma mesma Igreja, a Igreja de Cristo, a Igreja dos Apóstolos, a Igreja dos Santos, a Igreja católica.
A fé é pois, e antes de mais, vida. Mas para a partilharmos e para vivermos conscientemente essa vida, não podemos, nós seres humanos, deixar de utilizar as palavras, as frases, as afirmações que, ao longo do tempo foram sendo encontradas e purificadas, de modo a expressar, cada vez mais exactamente, a vida com Deus. Aliás, este é o modo habitual que nós, seres humanos, temos de comunicar uns com os outros, de permitir que outros partilhem o que vivemos interiormente, e de ensinar aquilo que também nós já antes aprendemos a viver.
É esta realidade – fruto da vida que Jesus ensinou e deu a partilhar aos Apóstolos e que estes nos transmitiram – que se encontra resumida no «Credo», que todos os domingos e solenidades somos convidados a rezar na liturgia. Durante este ano da fé, o Santo Padre faz-nos o convite a que façamos dele uma oração diária – mas isso significa, obviamente, que o entendemos, a ele aderimos de coração e o queremos viver cada vez mais perfeitamente.
Viver o essencial, aderir a ele, ser dele testemunha e ensiná-lo: eis o desafio deste Ano que temos pela frente. Uma tarefa para cada um, mas igualmente uma tarefa para as diferentes comunidades espalhadas pelo mundo inteiro. Uma força de renovação, de união e de partilha para todos os católicos dos quatro cantos do mundo, uma graça de Deus que importa não desperdiçar.

D. NUNO BRÁS, in Voz da Verdade, jornal Semanal do Patriarcado De Lisboa