sexta-feira, 5 de outubro de 2012
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
Devemos ser simples, humildes e puros
Estátua de São Francisco, em Assis |
Submeteu todavia a sua vontade à vontade do Pai. Ora, a
vontade do Pai foi esta: que seu Filho bendito e glorioso, que Ele nos tinha
dado e que por nós nascera, Se oferecesse pelo seu próprio sangue como
sacrifício e hóstia no altar da cruz, não por Si mesmo – Ele tinha criado todas
as coisas – mas pelos nossos pecados, deixando-nos o exemplo para seguirmos os
seus passos. E quer que todos sejamos salvos por Ele e que O recebamos de
coração puro e corpo casto.
Como são felizes e abençoados os que amam o Senhor e
praticam o que o mesmo Senhor diz no Evangelho: Amarás o Senhor teu Deus, com
todo o teu coração e com toda a tua alma, e ao teu próximo como a ti mesmo.
Amemos portanto a Deus e adoremo l’O de coração puro e alma simples, porque é
isso o que Ele deseja acima de tudo, quando afirma: Os verdadeiros adoradores
adorarão o Pai em espírito e verdade. Por conseguinte, todos os que O adoram
devem adorá l’O em espírito e verdade. Dia e noite elevemos para Ele os nossos
louvores e preces, dizendo: Pai-nosso, que estais no Céu, porque é preciso orar
sempre e não desfalecer.
Além disso, façamos frutos dignos de penitência. Amemos
o próximo como a nós mesmos. Sejamos caridosos e humildes e dêmos esmola,
porque a esmola lava as almas da imundície do pecado. Na verdade, os homens
perdem tudo o que deixam neste mundo, mas levam consigo o preço da sua caridade
e das esmolas que fizeram, e por elas receberão do Senhor recompensa e digna
remuneração.
Não devemos ser sábios e prudentes segundo a carne, mas
procuremos antes ser simples, humildes e puros. Nunca devemos desejar estar
acima dos outros, mas devemos antes ser servos e súbditos de toda a criatura
humana por amor de Deus. E sobre todos aqueles que assim procederem e
perseverarem até ao fim, repousará o Espírito do Senhor, que neles fará sua
habitação e morada, e serão filhos do Pai celeste, cujas obras imitam; eles são
esposos, irmãos e mães de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Da Carta de São Francisco de Assis a todos os fiéis
(Opuscula, ed. Quaracchi, 1949, 87-94) (Sec. XIII)
terça-feira, 2 de outubro de 2012
9 perguntas sobre o Ano da Fé
No próximo dia 11 de Outubro começará o Ano da Fé, convocado por Bento XVI. Mas de que se trata? O
que deseja o Santo Padre? O que se pode fazer? A um mês do início, respostas às
perguntas que surgem.
1. O que é o Ano da Fé?
O Ano da Fé "é um
convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do
mundo" (Porta Fidei, 6).
2. Quando se inicia e quando termina?
Inicia-se a 11 de Outubro de 2012
e terminará a 24 de Novembro de 2013.
3. Por que nessas datas?
Em 11 de Outubro coincidem dois
aniversários: o 50º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II e o 20º
aniversário da promulgação do Catecismo da Igreja Católica. O encerramento, em
24 de Novembro, será a solenidade de Cristo Rei.
4. Por que é que o Papa convocou
este ano?
Enquanto que, no passado era
possível reconhecer um tecido cultural unitário, amplamente compartilhado no
seu apelo aos conteúdos da fé e aos valores por ela inspirados, hoje parece que
já não é assim em grandes setores da sociedade, devido a uma profunda crise de
fé que atingiu muitas pessoas". Por isso, o Papa convida para uma
"autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo".
O objetivo principal deste ano é que cada cristão "possa redescobrir o
caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o
renovado entusiasmo do encontro com Cristo".
5. Quais meios assinalou o Santo Padre?
Como expôs no Motu Proprio
"Porta Fidei": Intensificar a celebração da fé na liturgia,
especialmente na Eucaristia; dar testemunho da própria fé; e redescobrir os
conteúdos da própria fé, expostos principalmente no Catecismo.
6. Onde terá lugar?
Como disse Bento XVI, o alcance
será universal. "Teremos oportunidade de confessar a fé no Senhor
Ressuscitado nas nossas catedrais e nas igrejas do mundo inteiro, nas nossas
casas e no meio das nossas famílias, para que cada um sinta fortemente a
exigência de conhecer melhor e de transmitir às gerações futuras a fé de
sempre. Neste Ano, tanto as comunidades religiosas como as comunidades
paroquiais e todas as realidades eclesiais, antigas e novas, encontrarão forma
de fazer publicamente profissão do Credo".
7. Onde encontrar indicações mais
precisas?
Numa nota publicada pela
Congregação para a doutrina da fé.
Aí se propõe, por exemplo:
- Encorajar as peregrinações dos
fiéis à Sede de Pedro;
- Organizar peregrinações,
celebrações e reuniões nos principais Santuários.
- Realizar simpósios, congressos e
reuniões que favoreçam o conhecimento dos conteúdos da doutrina da Igreja
Católica e mantenham aberto o diálogo entre fé e razão.
- Ler ou reler os principais
documentos do Concílio Vaticano II.
- Acolher com maior atenção as
homilias, catequeses, discursos e outras intervenções do Santo Padre.
- Promover transmissões
televisivas ou radiofónicas, filmes e publicações, inclusive a nível popular, acessíveis a um público amplo, sobre
o tema da fé.
- Dar a conhecer os santos de cada
território, autênticos testemunhos de fé.
- Fomentar o apreço pelo património
artístico religioso.
- Preparar e divulgar material de
carácter apologético para ajudar os fiéis a resolver as suas dúvidas.
- Eventos catequéticos para jovens
que transmitam a beleza da fé.
- Aproximar-se com maior fé e
frequência do sacramento da Penitência.
- Usar nas escolas ou colégios o
Compêndio do Catecismo da Igreja Católica.
- Organizar grupos de leitura do
Catecismo e promover a sua difusão e venda.
8. Que documentos posso ler por
agora?
- O motu proprio de Bento XVI
"Porta Fidei"
- A nota com indicações pastorais
para o Ano da Fé
- O Catecismo da Igreja Católica
- 40 Resumos sobre a fé cristã
9. Onde posso obter mais
informação?
Guardem-te nos teus caminhos
Deus mandou os seus Anjos, para que te guardem
em todos os teus caminhos. Dêem graças ao Senhor pela sua misericórdia e pelas
suas maravilhas em favor dos filhos dos homens. Dêem graças e digam entre os
gentios: Grandes coisas fez por eles o Senhor. Senhor, que é o homem para Vos
dardes a conhecer a ele? Ou por que motivo pensa nele o vosso coração? Pensais
nele, sois solícito para com ele, tendes cuidado dele. Finalmente enviais lhe o
vosso Unigénito, infundis lhe o vosso Espírito, prometeis lhe a visão do vosso
rosto. E para que nenhum dos seres celestiais deixe de manifestar solicitude
para connosco, enviais os espíritos bem-aventurados para que nos sirvam, nos
guardem e nos guiem.
Deus mandou os seus Anjos,
para que te guardem em todos os teus caminhos. Quanta reverência, devoção e
confiança devem inspirar te estas palavras! Veneração pela presença, devoção
pela benevolência, confiança pela protecção. Estão portanto presentes; e estão
a teu lado, não só contigo como companhia, mas também para ti como protecção.
Estão presentes para te proteger, estão presentes para te favorecer. É certo
que eles estão a cumprir um mandato do Senhor, mas devemos mostrar lhes a nossa
gratidão pelo grande amor com que obedecem e nos socorrem em tantas
necessidades.
Sejamos pois dedicados e
agradecidos a tão dignos custódios; correspondamos ao seu amor, honremo-los
quanto pudermos, quanto devemos. Dirijamos, porém, todo este amor e veneração
ao Senhor, de quem depende inteiramente, tanto para nós como para os Anjos, a
graça de O podermos amar e venerar e o mérito para sermos amados e venerados.
Portanto, irmãos, amemos
n’Ele os seus Anjos como futuros herdeiros connosco e agora advogados e
protectores que o Pai designou e colocou ao nosso lado. Agora já somos filhos
de Deus, embora não se manifeste ainda o que havemos de ser com Ele na glória;
somos filhos de menoridade, ainda sob a protecção de advogados e tutores, como
se em nada nos distinguíssemos dos servos.
Mas, apesar de sermos como
crianças e de nos faltar ainda um caminho tão longo e tão perigoso, que havemos
de temer sob o patrocínio de tão excelsos custódios? Não podem ser vencidos nem
enganados e muito menos enganar nos aqueles que nos guardam em todos os nossos
caminhos. São fiéis, prudentes, poderosos; porquê recear? Basta segui-los e acolhermo-nos a eles e habitaremos sob a protecção do Deus do Céu.
Dos Sermões de São Bernardo, abade, Sermo 12 in psalmum
Qui habitat, 3.6-8: Opera omnia, Edit. Cisterc. 4 [1966] 458-462) (Sec. XII)
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
No coração da Igreja eu serei o amor
Sta. Teresinha aos 15 anos |
Não obstante a minha pequenez, quereria iluminar
as almas como os Profetas, os Doutores, sentia a vocação de ser Apóstolo...
Queria ser missionário, não apenas durante alguns anos mas queria tê lo sido
desde o princípio do mundo e continuar até à consumação dos séculos. Mas acima
de tudo, ó meu amado Salvador, quereria derramar o sangue por Vós até à última
gota.
Porque durante a oração estes
desejos me faziam sofrer um autêntico martírio, abri as epístolas de São Paulo
a fim de encontrar uma resposta. Casualmente fixei me nos capítulos XII e XIII
da primeira epístola aos Coríntios; e li no primeiro que nem todos podem ser ao
mesmo tempo Apóstolos, Profetas, Doutores, etc. que a Igreja é formada por
membros diferentes e que os olhos não podem ao mesmo tempo ser as mãos. A
resposta era clara, mas não satisfazia completamente os meus desejos e não me
trazia a paz.
Continuei a ler e encontrei
esta frase que me confortou profundamente: Procurai com ardor os dons mais
perfeitos; eu vou mostrar vos um caminho mais excelente. E o Apóstolo explica
como todos os dons mais perfeitos não são nada sem o amor e que a caridade é o
caminho mais excelente que nos leva com segurança até Deus. Finalmente tinha
encontrado a tranquilidade.
Ao considerar o Corpo Místico
da Igreja, não conseguira reconhecer me em nenhum dos membros descritos por São
Paulo; melhor, queria identificar me com todos eles. A caridade ofereceu me a
chave da minha vocação. Compreendi que, se a Igreja apresenta um corpo formado
por membros diferentes, não lhe falta o mais necessário e mais nobre de todos;
compreendi que a Igreja tem coração, um coração ardente de amor; compreendi que
só o amor fazia actuar os membros da Igreja e que, se o amor viesse a extinguir
se, nem os Apóstolos continuariam a anunciar o Evangelho nem os mártires a
derramar o seu sangue; compreendi que o amor encerra em si todas as vocações,
que o amor é tudo e que abrange todos os tempos e lugares, numa palavra, que o
amor é eterno.
Então, com a maior alegria da
minha alma arrebatada, exclamei: Ó Jesus, meu amor! Encontrei finalmente a
minha vocação. A minha vocação é o amor. Sim, encontrei o meu lugar na Igreja,
e este lugar, ó meu Deus, fostes Vós que mo destes: no coração da Igreja, minha
Mãe, eu serei o amor; com o amor serei tudo; e assim será realizado o meu sonho.
Da autobiografia de Santa Teresa do Menino Jesus
(Manuscritos autobiográficos, Lisieux 1957, 227-229) (Séc. XIX)
Homenagem
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