Estátua de São Francisco, em Assis |
Submeteu todavia a sua vontade à vontade do Pai. Ora, a
vontade do Pai foi esta: que seu Filho bendito e glorioso, que Ele nos tinha
dado e que por nós nascera, Se oferecesse pelo seu próprio sangue como
sacrifício e hóstia no altar da cruz, não por Si mesmo – Ele tinha criado todas
as coisas – mas pelos nossos pecados, deixando-nos o exemplo para seguirmos os
seus passos. E quer que todos sejamos salvos por Ele e que O recebamos de
coração puro e corpo casto.
Como são felizes e abençoados os que amam o Senhor e
praticam o que o mesmo Senhor diz no Evangelho: Amarás o Senhor teu Deus, com
todo o teu coração e com toda a tua alma, e ao teu próximo como a ti mesmo.
Amemos portanto a Deus e adoremo l’O de coração puro e alma simples, porque é
isso o que Ele deseja acima de tudo, quando afirma: Os verdadeiros adoradores
adorarão o Pai em espírito e verdade. Por conseguinte, todos os que O adoram
devem adorá l’O em espírito e verdade. Dia e noite elevemos para Ele os nossos
louvores e preces, dizendo: Pai-nosso, que estais no Céu, porque é preciso orar
sempre e não desfalecer.
Além disso, façamos frutos dignos de penitência. Amemos
o próximo como a nós mesmos. Sejamos caridosos e humildes e dêmos esmola,
porque a esmola lava as almas da imundície do pecado. Na verdade, os homens
perdem tudo o que deixam neste mundo, mas levam consigo o preço da sua caridade
e das esmolas que fizeram, e por elas receberão do Senhor recompensa e digna
remuneração.
Não devemos ser sábios e prudentes segundo a carne, mas
procuremos antes ser simples, humildes e puros. Nunca devemos desejar estar
acima dos outros, mas devemos antes ser servos e súbditos de toda a criatura
humana por amor de Deus. E sobre todos aqueles que assim procederem e
perseverarem até ao fim, repousará o Espírito do Senhor, que neles fará sua
habitação e morada, e serão filhos do Pai celeste, cujas obras imitam; eles são
esposos, irmãos e mães de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Da Carta de São Francisco de Assis a todos os fiéis
(Opuscula, ed. Quaracchi, 1949, 87-94) (Sec. XIII)